quinta-feira, 14 de abril de 2016

Do marabaixo ao rock: mistura que rola!


Jackson do Pandeiro quando misturou Chiclete com Banana e plantou as raízes do samba-rock, já era pós-moderno, globalizado, e nem sabia disso. O certo é que misturas sempre foram bem-vindas na cultura, principalmente na música. Os cantos de trabalho dos negros nas plantações de algodão do sul dos Estados Unidos no século XIX, até primeira metade do século XX geraram os spirituals, o gospel e o blues. E foram se misturando com elementos da música europeia, até gerar o som do jazz, descambando no rock.

No Brasil do fim dos anos 1950 e início dos 60, Roberto Carlos imitava João Gilberto e cantava bossa nova, conheceu Erasmo Carlos, se encantou com a fúria do som do rock de Chuck Berry, Elvis Presley e Beatles, misturou suas influências com as do parceiro e, juntos, lançaram a jovem guarda. Jorge Benjor misturou rock com samba e bossa. Caetano e Gil contaram com as guitarras dos Mutantes e Beat Boys, e revisitaram Luiz Conzaga, para criar a Tropicália. Alceu Valença, Lula Cortes e Chico Science, de Pernambuco; Zé Ramalho, da Paraíba; Fagner, Ednardo e Belchior, do Ceará misturaram suas raízes nordestinas com o rock e o pop internacional e conquistaram o Brasil, com um som agreste e cheio de energia.

Num passado recente, Calypso, Gaby Amarantos e outros, sacudiram o Brasil com a mistura paraense de brega e carimbó com pop, Techno, melody e música das aparelhagens. Tá certo que às vezes, a mistura passa um pouco do ponto, e sai um Wesley Safadão, mas, enfim... são os riscos inerentes a qualquer boa mistura.

Agora, acho que os ritmos do Amapá, como batuque e marabaixo podem muito bem ser a bola da vez do mercado musical brasileiro, que anda carente de novidades. Osmar Junior diz que Adelson Preto é o que há de novo e interessante na música amapaense. Adelson e Banda Afro Brasil mesclam marabaixo com reggae, zouck, samba e fazem outras experimentações sonoras, sem perder a identidade.

Aí está uma grande oportunidade para bandas de rock que estão a procura de uma sonoridade pra chamar de sua. Misturar o rock com o marabaixo ou batuque, dar um up-grade na velha receita dos três acordes e, quem sabe iniciar a terceira onda do rock nacional. Dessa vez com um sotaque do norte, temperado com tucupi e pimenta e ainda mais quente pela ação do sol do equador. O rock das bandas do Amapá.


Cacá Farias

Nenhum comentário:

Postar um comentário